domingo, 13 de maio de 2012

Road map needed

Cheguei a Jerusalém com o raiar do sol. Instalado no apartamento, e depois de dormir umas horas, fui à procura de um supermercado (onde a senhora da caixa me pergunta se vim em trabalho ou em aliyah). Regresso a casa e sinto a ansiedade típica do estudante antes do exame - esqueci tudo! Refresco a memória buscando termos, definições, artigos soltos sobre. Sobre o quê? Sobre a floresta de termos, identidades, designações - e tantas vezes com várias versões, segundo posicionamentos - que pululam na paisagem político-identitária de israel/palestina. Ora vejam (e a lista está curta): israel ou grande israel, palestina, territórios ocupados ou judeia e samaria ou margem ocidental, autoridade palestiniana, refugiados palestinianos, present absentees, palestinianos de jerusalém com direito de residência, direito de retorno, árabes israelitas ou palestinianos de cidadania israelita, asquenazis versus sefarditas/mizrahim, mizrahim propriamente ditos, e os judeus da Etiópia, os árabes cristãos e os árabes muçulmanos, para não falar dos druzos, para não falar dos beduínos, as divisões entre seculares e religiosos, e entre estes os ortodoxos e os ultra-ortodoxos haredim, e as muitas origens étnicas entre os israelitas ou as múltiplas filiações político-ideológicas quer entre israelitas, judeus ou não, quer entre palestinianos. Junte-se a isto as clivagens que qualquer sociedade tem por classe, género, sexualidade, etc., e pode ter-se uma ideia da teia complexa. Não esquecendo ainda de se lhe juntar uma história acelerada, com eventos políticos e militares que em pouco mais de meio século foram sistematicamente mudando fronteiras, estabelecendo libertações e ocupações, meias-soberanias, vigilâncias e controlos, muros (ah, também estes são nomeados de modo diferente consoante quem fala), ensaios de paz e violências muitas - mas também cidadanias e movimentos e associativismos vigorosos, gente de vários e entrecruzados "lados" ensaiando plataformas, denunciando, vigiando, para lá da espera pelas grandes soluções nacionais definitivas - a aniquilação mútua dos loucos, os dois estados, o estado binacional ou federal. Vindo de portugal, onde o trabalho dos séculos plasmou conflitos e diferenças numa ilusória semelhança, aqui é mesmo preciso um road map. Pun intended

Sem comentários:

Enviar um comentário